A travessia

Os italianos que embarcavam naquela viagem não tinham nenhuma certeza além daquela de que precisavam tentar uma nova vida. Saiam da Itália sem sequer saber para onde iriam quando chegassem no Brasil. As famílias descobriram para onde seriam levadas apenas nos portos de Santos ou do Rio de Janeiro.

As passagens concedidas pelo Governo Brasileiro às famílias italianas eram todas de terceira classe, que ficavam, geralmente, nos porões dos navios, com pouca ventilação, muito escuros e úmidos. Quase sempre superlotados.

Após algumas horas à espera da partida à Gênova, Giovanni Bassetto, juntamente com outros imigrantes do norte da Itália, acomodam-se nos vagões de terceira classe: alguns nos bancos de madeira; outros sentados nas malas ou caixotes e vários se acomodavam no chão duro mesmo.

Todo o espaço ocupado por um amontoado de seres inquietos e inseguros. Os únicos bens eram as bagagens e a esperança de dias melhores.

O embarque dos imigrantes foi feito no navio Malabar com destino a Santos. Giovanni Federico Bassetto deixou a comuna de Longare (Costozza), Vicenza, no dia 23 de dezembro de 1888.

O que mais os apavorava durante a viagem eram as condições de saúde: alguém doente ja era motivo de preocupações, afinal não havia médico a bordo, ao menos não na terceira classe. Na maioria dos navios, era apenas a experiência em medicina do Capitão e do Imediato. O enjôo, distúrbios intestinais, gripes, pneumonias eram controlados precariamente, quando não se agravavam. O grande medo, a grande inquietação era a notícia de “peste a bordo”.

Há muito na literatura sobre o tema, relatos diversos em obras como Assim Vivem os Italianos, Brava e Buona Gente, Cem Anos Pelo Brasil e outros, contam que a viagem era muito penosa, mas se, por um lado, a nostalgia era grande, por outro, a vontade de vencer era maior.

A trilogia da viagem era: tempestade, comida e saúde a bordo. Encontramos descrições de momentos de desconcentração em alto mar, quando navios, em rotas próximas, navegavam algumas horas juntos, era o vestígio de que não estavam sós naquela imensidão de água. Essa era a única escala técnica para os navios que partiam de Gênova direto ao porto de Santos.